‘Dois cafés sem açúcar — e um dedo de prosa com pessoas interessantes‘ é um nome que dispensa explicações. Algumas pequenas observações, contudo, podem explicitar a intenção inaugural deste breve projeto. Ei-las, em dois parágrafos:
O café faz surgirem as melhores conversas sóbrias. Dois cafés, eu e tu, tese e antítese, dia e noite, perguntas e respostas, representam polos de uma mesma natureza. A dialética, a criação e a geração são manifestações da dualidade. Sem açúcar: só assim, dizem os entendidos, experimentamos a qualidade do café. Alguns podem achá-lo amargo. Quem quiser que o adoce ao seu gosto (o açúcar está na mesa — eu mesmo não o dispenso).
Um dedo de prosa, para o mineiro, é uma boa conversa curta. A duração da conversa é, porém, um elemento secundário desde que a prosa seja induvidosamente boa. Pessoas interessantes, na bonita intuição de Antoine de Saint-Exupéry: ‘Trago sempre nos olhos a imagem de minha primeira noite de vôo, na Argentina — uma noite escura onde apenas cintilavam, como estrelas, pequenas luzes perdidas na planície. Cada uma dessas luzes marcava, no oceano da escuridão, o milagre de uma consciência’.
Seja bem-vindo você. Tome seu assento à janela… Veja só, no oceano da escuridão, quantas luzes…!